Um corpo... uma mente... um sentimento.

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01/12/2009

A importância da comunicação


Porque é tão importante comunicar?

"Comunicação:


Em 1935, um destacado filósofo americano, Keneth Burke, quis publicar um livro sobre comunicação e sugeriu ao seu editor que a obra se chamasse Treatise on Communication (Tratado sobre Comunicação). O editor entrou em pânico e proibiu o título, por recear que os leitores pensassem que o livro era sobre linhas de telefone.
A história de Burke representa um curioso exemplo de dificuldade de comunicação na concepção do que significa a palavra "comunicar".


Um dos pioneiros do estudo desta área, Charles Cooley, observou, em 1909, que a comunicação é "o mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as relações humanas". A definição de Cooley é de uma lucidez espantosa, porque remete para a noção de que o acto de comunicar é uma das formas fundamentais da existência.

Tudo o que é vida é comunicação, porque implica necessariamente o transporte de ideias e objectos de um ponto para o outro. O sangue transporta oxigénio para as células, e, ao fazê-lo, está a comunicar. Mas a definição de comunicação foi, ao longo dos anos, registando uma crescente precisão. Se no tempo de Burke se entendia que comunicar era um processo técnico, hoje esse conceito evoluiu num sentido diferente.

É certo que a palavra comunicação está ainda associada ao transporte de objectos físicos, mas, em geral, ela já é entendida sobretudo como sendo o transporte de ideias e emoções expressas através de um código.

Ou seja, comunicar significa essencialmente transmitir sentidos, casuais ou intencionais, de um ponto para o outro.(...) Não é possível localizar a origem da comunicação enquanto transmissão intencional de sentidos por parte de seres humanos.

Os primeiros actos comunicativos foram, sem dúvida, gestos e expressões, e só mais tarde, de uma forma misteriosa apareceu a língua. Há quem sugira que tudo começou quando os antepassados do Homo Sapiens criaram as primeiras palavras ao imitar sons naturais como o ladrar de cães ou o ribombar dos trovões.

Mas uma outra teoria admite que as palavras nasceram dos sons que os primitivos emitiam para acompanhar cânticos ou celebra acontecimentos.

Na verdade, ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Talvez todas estas circunstâncias, e outras ainda, tenham actuado em conjunto para criar a língua, que acabou por se transformar na pedra basilar da comunicação humana.

Comunicar é sobretudo significar, através de qualquer meio. Durante milénios isso quis dizer que o acto de comunicação se limitou aos sinais sonoros, visuais e sensoriais emitidos pelo corpo humano. Mas houve uma altura em que o homem entendeu que este era um meio demasiado limitado para comunicar e precisou de alternativa. Ele quis ir mais longe e, para ultrapassar barreiras da distância inventou aquilo a que mais tarde Marshall McLuhan designaria por "extensões dos sentidos".

O tambor transformou-se numa extensão da fala, e os sinais de fumo numa extensão dos gestos. Nasceu assim a comunicação de massas... Com a evolução técnica, essas extensões transformaram-se numa panóplia de meios de difusão de comunicação maciça, que culminou com a invenção da televisão. À medida que os novos meios iam emergindo, o homem foi ficando cada vez mais fascinado e aterrado. Cada "extensão" trazia em si um mundo de promessas e um inferno de ameaças. Os meios de comunicação de massas nasceram para libertar, mas continham o gérmen da opressão, e esta sua ambivalência assustou os que pararam para pensar no assunto. O receio cresceu paralelamente ao aumento do poder de cada meio, e parece ter-se transformado numa obsessão incontrolada.

SANTOS, José Rodrigues dos - O que é Comunicação. Lisboa, Difusão Cultural, 1992 - pp 9-11."
Retirado de http://www.prof2000.pt/users/arcencio/CI.htm

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